Prezado editor, venho dizer, em poucas palavras, de minha experiência com a audiodescrição e de como me senti ao vivenciar essa tecnologia e o respeito a esse direito. Espero que com isso mais pessoas possam sentir-se estimuladas a reivindicar e se beneficiar desse recurso de acessibilidade comunicacional.
Sou Roberto Cabral, bacharel em direito, servidor concursado do Ministério Público de Pernambuco, onde atuo na coleta de informações relativas às pessoas com deficiência, difundindo-as em veículos de comunicação, conselhos de defesa de direitos, entidades do gênero, além de apoiar eventos como audiências públicas, mesa redonda, congresso e de proferir palestras.
Cego desde os 15 anos, conheço a realidade de ver, a de não ver, e ainda a de não ver, utilizando a audiodescrição de filmes, bem como a de espetáculos, como os exibidos pelo “Palco Giratório” do SESC, edição 2010, em Recife.
Dessas experiências, capto que a técnica não substitui o sentido da visão, mas se feita com responsabilidade e qualidade contribui para diminuir sobremaneira o prejuízo causado pelo déficit visual, quando a transmissão dos dados visuais indispensáveis à compreensão dos indivíduos com deficiência não vem com acessibilidade comunicacional.
De tal relevo, depreendo que cabe aos atuais e potenciais usuários inteirar-se e apoderar-se dessa conquista para monitorar e cobrar sua efetivação, a qual, em contrapartida, trará ganhos também para sociedade e ofertantes, tais como: destaque na responsabilidade social, maior difusão e lucros, na medida em que essa tecnologia seja disponibilizada mais por uma compreensão pedagógica do que por um caráter punitivo, antes do prazo imposto pela legislação.