Prezado Editor:
Venho relatar minha experiência, a partir do Seminário de introdução à áudio-descrição em espaços museológicos, curso que fiz de 14 a 18 de fevereiro de 2011, com 20h, no Dragão do Mar, em Fortaleza, Ceará, sob a responsabilidade do Prof. Dr. Francisco J. Lima – UFPE.
O seminário de Introdução à áudio-descrição foi minha primeira experiência não só com a áudio-descrição, mas com o universo das pessoas com deficiência visual. Apesar de trabalhar em museu há 15 anos (na catalogação de acervo), nunca tinha sequer conversado com uma pessoa cega.
A semana do curso foi uma semana bastante intensa e de muitas novidades. Fiquei surpresa com a inteligência, sensibilidade e principalmente o bom humor das pessoas com deficiência visual presentes.
Entendi que a áudio-descrição é uma ação inclusiva e que, embora ainda seja recente no Brasil, está se ampliando rapidamente. É a técnica de se descrever verbalmente certos detalhes de uma cena ou objeto, que são imprescindíveis para a compreensão do todo por quem não os vê.
O professor do curso demonstrou muito conhecimento sobre o assunto e a metodologia foi simples e fácil.
Ainda não estou segura em me enveredar por este campo, mas com certeza utilizarei a técnica da áudio-descrição em meu trabalho, na exposição de longa duração, montada no Museu da Imagem e do Som do Ceará, como também desenvolverei projetos que tenham pessoas com deficiência visual como público alvo.
Em meu primeiro contato com um filme áudio-descrito (durante o curso) a sensação imediata que tive foi de tensão, pois pelo que entendi, primeiro se faz o filme, depois se inclui a áudio-descrição, e o tempo para se áudio-descrever é limitado pelo intervalo entre as falas, e isso gerou em mim uma certa aflição. Em casa fiz experiências áudio-descritivas, assistindo, através da Internet, trabalhos áudio-descritos, primeiro sem olhar e depois olhando, e a sensação que tive foi que a áudio-descrição é realmente fundamental para se compreender as imagens nos filmes.
Agora, quero fazer outro curso complementar, para ter mais prática com a áudio-descrição.
Enquanto isso não acontece, compartilho esta áudio-descrição que fiz como um exercício do curso.
Notas proemias
A Valsa Proibida, opereta do cearense Paurillo Barroso. Conta a história de amor entre o príncipe Fred e uma plebéia chamada Mitz, muito talentosa, que ao se apaixonar pelo príncipe, compõe uma valsa que fala do seu amor por ele. Porém o rei, sabendo desse romance, resolve proibir a execução, tornando-a A VALSA PROIBIDA.
A Valsa Proibida, Fortaleza, 1964. Fotografia preto e branco, colorida a mão. Retrato (16 x 20 cm). Autor desconhecido.
Fotografia do acervo do Museu da Imagem e do Som do Ceará.
Áudio-descrição
Cena do baile. No primeiro plano, ao centro está uma mulher loira, branca, vestindo branco, usando coroa, bustiê (deixando a barriga de fora), calças cumpridas frouxas e transparentes, com véu longo, dançando com homem branco de farda militar, usando camisa branca de mangas cumpridas, faixa azul traspassada no peito e calça cumprida vermelha. Atrás do casal está outro casal dançando, parcialmente encoberto pelo primeiro casal. Ao redor dos casais estão homens e mulheres assistindo à dança. No segundo plano há mais pessoas observando a dança, de cima de uma escada branca com 3 degraus.
Ao fundo, há cortinas vermelhas que vão do teto ao chão, quatro colunas brancas também do teto ao chão, três grandes lustres pendurados no teto, cada um com diversas velas acesas, e dois lustres de pedestais.